sábado, 29 de setembro de 2012

Será que somos "animais carentes" durante toda a nossa existência?

 
Animal carente? Carência de quê? fiquei pensativo depois de ler uma afirmativa falando que "somos animais carentes durante todo o processo de vida" . Por isso quis transformar tal afirmação em uma possibilidade de pergunta. Lembrei-me , em imediato, de algumas palavras de Dante Aligiheri. Ele falava que o  homem é o animal mais infeliz da humanidade, pois é o único que tem consciência da sua própria morte. Mesmo com essa "infelicidade", o homem também é o mais notável de todos, pois tendo consciência da sua morte é capaz de cuidar, zelar, procriar e amar o outro.  Alguns argumentarão que tal notabilidade é discutida, pois o homem descuida, despreza, mata e indiferencia outros seres no mesmo nível ou até em níveis mais significativos do que  nas primeiras características descritas em torno da notabilidade. Precisamos abrir possibilidades para a compreensão múltipla do ser humano que está inserido na desumanidade do cotidiano. Todas contribuições oferecem reflexões pertinentes. Mas é preciso transgredir o maniqueísmo existencial entre o bem o mal? É a vida mais que um polo de contrários?. Se o bem e o mal existem, há, consequentemente, a vida.  

Mas vamos voltar à carência?

Abrah Maslow, psicólogo adepto da abordagem humanista, sugeriu que o ser humano nasce com  sistemas de necessidades, os quais são dispostos em hierarquia. Os sistemas de necessidades são, necessidades fisiológicas,necessidades sociais, necessidades psicológica e necessidades de autorrealização.

Haverá inúmeras subdivisões desse modelo proposto por Maslow, mas geralmente, elas se enquadram na sequência descrita anteriormente.
Explicando a ideia de Maslow de uma forma bem rápida, você poderia pensar o seguinte:
Na vida, é necessário suprir as necessidades fisiólogicas. Isto é, sede, fome e sono. Depois , posso passar para a próxima etapa: Necessidades sociais - estudar, trabalhar. Necessidades psicológicas: se eu já tenho comida e um bom trabalho, agora posso ter a possibilidade de amar e estabelecer um relacionamento com uma outra pessoa. Também Preciso, agora, do reconhecimento alheio. Tanto no amor quanto no lado profissional ou em outros lados da existência. Depois desse rápido trajeto, tenho subsídios para as necessidades de autorrealização.Isto é, vou buscar meu sonho de vida.
 É bem pertinente essa hierarquia proposta por Maslow. Já fui capaz de visualizar diversas pessoas nessa estrutura. Mas, nosso contexto de hipermodernidade, penso que é muito complicado enquadrar todos  os comportamentos humanos nesse modelo. Vivemos num turbilhão de necessidades. Essas necessidades explodem de diversas maneiras. É nessa explosão que percebo a carência humana. Somos carentes, pois sempre necessitamos de algo. E a construção dessa necessidade é, no meu singelo corte de realidade, interessante de discutir. Temos nossos recortes. E precisamos usar os recortes alheios como parâmetros e aprender o conceito de relativização em suas ramificações. Relativização em nível social, cultural, antropológico, filosófico, psicológico, etc. (No momento, não entrarei em descrição sobre os processos de relativização. Apenas direi que relativização nao é sinônimo do título do programa de Ana Hickman, "tudo é possível". Toda possibilidade humana deve ser organizada e desenvolvia por intermédio de critérios. Será a presença do critério em tudo uma questão de carência?)

Transplantar o alheio em nós é algo muito perigoso. Penso que seja um dos níveis de carência mais difícil de discutir. Todos nós temos brilhantes histórias para contar, escutar e debater. Por isso a história do outro é nossa história e não é nossa no mesmo instante.  Sua vida (não)é minha. Minha vida(não) é  sua. Eu sentirei falta de você na minha vida, mas minha vida continuará.   Que bom morrer de carência e de carência viver.

Postado por Alan Nascimento

P.s. Esse texto ainda carece de uma organização final.


 



2 comentários:

  1. Gostei dessa postagem, reparei que explicitamente você falou de inveja em outras palavras, mas de uma forma inofensiva. Já deparei momentos de inveja em mim, mas sempre me policiei para que isso não gerasse atitudes negativas em minha vida.

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  2. Olá, Douglas Oliveira da Silva! Muito obrigado pelo comentário. De fato, temos exercer esse policiamento no controle das nossas atitudes, comportamentos e em toda comunicação que realizamos no nosso cotidiano. Algo que achei interessante foi o seu recorte sobre a inveja. Confesso que não pensei nesse conceito durante a composição do texto. Refleti no nível de dependÊncia que uma pessoa pode exercer em outra. Tentei falar sobre um tipo de realização na imagem do outro. Pensava até que ponto é saudável entregar ao outro os direcionamentos do caminhar diário. Depois de ver sua postagem, pensei: Onde está esse explicito conteúdo de inveja trtatada de forma inofensiva? Minha inferência foi a seguinte: será a demonstração de carência humana já reflete uma condição de inveja? Quais são os limites entre a injeva e a carência? Ser carente é invejar o alheio? Farei leituras sobre o universo da injeva e organizarei uma postagens sobre o tema. Gostaria, se possível, que você pontuasse as partes do texto que você percebe como indicativo ou sugestão do assunto inveja. Muito obrigado mais uma vez.

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